Viagem ao CERN - Impressões do LHC e do ALICE

Quando comecei o meu doutorado em 2011 eu fazia pouca idéia do que era participar de uma grande colaboração. Neste ano eu tive o prazer de fazer minha primeira (e não última, espero) visita ao CERN, a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear que se encontra em Genebra, Suíça.

Fazer parte de uma grande colaboração como a do LHC não é apenas usufruir de extensos recursos sustentados, pelos países membros, é também contribuir. O Brasil é um destes colaboradores e, em especial, o Grupo de Íons Pesados Relativísticos do IFUSP. Eu, como parte do grupo, contriuí com shifts em dezembro e janeiro, mas o que são esses shifts?
 
O ALICE é um experimento complexo e exige monitoramento dos detectores, da tomada de dados, qualidade dos dados, etc. Esse monitoramento deve ser feito por membros da colaboração em turnos (shifts) de 8 horas e não pode ser automatizado pois exige tomada de decisões que minimizem impactos à tomada de dados e maximize a performance da instrumentação, ou seja, cada minuto de dados de boa qualidade armazenados é valioso.
 
Entre o fim de dezembro e começo de janeiro eu assumi o papel de monitorar os vários detectores do ALICE, isso foi uma experiência sem igual, pude ter contato direto com as pessoas que mantêm aqueles equipamentos fantásticos funcionando e conhecer detalhes do experimento, coisas que seriam impossíveis estando sentado em frente a um monitor do outro lado do Atlântico.
 
Entrar no prédio onde se encontra (fisicamente) o ALICE já é uma experiência singular, a sala de controle do experimento é algo que até então eu só havia visto em filmes, cheia de telas mostrando cada detalhe sobre os detectores, feixe, aquisição de dados, etc.
 
Nos próximos dias eu escreverei mais especificamente sobre o meu trabalho na sala de controle e minhas impressões sobre como é ter pessoas das mais diferentes partes do mundo juntas por um mesmo objetivo: ciência.